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domingo, 6 de maio de 2012
A APRENDIZAGEM COMO CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO E O RESPEITO PELAS EXPERIÊNCIAS DOS EDUCANDOS
Nós educadores precisamos saber o que se passa no mundo de nossos alunos com quem trabalhamos; seus sonhos, sua linguagem o seu cotidiano escolar ou não.
Citarei um trecho de Paulo Freire: “(...) dois professores da Unicamp, o físico Carlos Arguelo e o matemático Eduardo Sebastiani Ferreira, participaram de um encontro universitário no Paraná em que se discutiu o ensino da Matemática e da Ciência em geral. Ao voltar para o hotel...se depararam num campo abandonado um grupo de crianças empinando papagaio...Perguntaram:
“Quantos metros de linha você costuma soltar para empinar o papagaio?, perguntou Sebastiani.
“Mais ou menos cinquenta metros”, disse o menino ...
“Como você calcula isto”...
“A cada tanto, de dois metros mais ou menos...faço um nó na linha. Quando a linha vem correndo na minha mão, vou contando os nós e aí sei quantos metros tenho de linha solta”.
“E em que altura você acha que está o papagaio agora? perguntou o matemático.
“Quarenta metros”, disse o garoto. “Como você calculou?”
“No quanto eu dei de linha e na barriga que a linha fez”.
“Poderíamos calcular esse problema fundados na trigonometria ou por semelhança de triângulos”, diz Sebastiani.
(...)o garoto disse:
“Se o papagaio estivesse alto, bem em cima de minha cabeça, ele estaria, em altura, os mesmos metros que soltei de linha, mas como o papagaio está longe de minha cabeça, inclinado, ele está menos do que os metros soltos de linha”.
“Houve aí um raciocínio de graus”, diz Sebastiani.
Aquele menino chamava-se Gelson em sua experiência seguinte indagado pelo físico, o menino responde tendo o domínio das quatro operações. Detalhe, aquele menino havia sido reprovado pela escola!!! Segundo Freire (2001,pp 98,99) “Nada do que ele sabia tinha valor para a escola em Matemática, porque o que ele sabia havia aprendido na sua experiência fora da escola...Ele não falava de seu saber na linguagem formal e bem comportada, mecanicamente memorizada, que a escola reconhece como a única legítima”.
Concluímos dizendo que devemos respeitar os conhecimentos que os nossos alunos trazem de casa, a fim de que esse processo de ensinar e aprender, seja de fato reflexivo, desafiante e prazeroso.
REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo, PROFESSORA SIM, tia NÃO (cartas a quem ousa ensinar),
Ed, Olho d’água- 2001.
Ciências & Cognição 2006; Vol 09: 162-168 http://www.cienciasecognicao.org
luizgustavlforeire@ig.com.br
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